sexta-feira, 30 de abril de 2010

Estado do Piauí possui 20 conflitos de terra, diz CPT

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) entregou ontem (29) ao ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, uma lista com nomes de lideranças que atuam em conflitos no campo e têm sofrido perseguições desde o início deste ano. Pelo menos três agentes da CPT estão ameaçados de morte e outros sofrem suposta perseguição da Justiça em Mato Grosso, na Bahia, no Maranhão e no Tocantins.

No Piauí, segundo Gregório Borges, da coordenação da CPT em Teresina, a situação ainda não chegou a tanto, mas os conflitos de terra existentes no estado estão longe de serem solucionados. No total, 20 conflitos existem atualmente em terras piauienses.

Na localidade "Riozinho", por exemplo, em Baixa Grande do Ribeiro, houve espancamento de trabalhadores em fevereiro deste ano. Para Borges, este é o conflito mais grave atualmente ocorrendo no Piauí.

"Em Vassoural, na cidade de Madeiro, dois trabalhadores foram presos. Eles foram soltos na semana passada em Esperantina", disse o coordenador.

O Incra e Interpi são os órgãos que a CPT têm recorrido para evitar novas "brigas por terra" no estado. Mas, segundo Gregório, a resposta é lenta.

"As respostas são lentas, a reforma agraria é lenta. A burocracia emperra. Agora temos outro problema: a Justiça. Antes ela não intervia, hoje dá muita liminar", afirmou, citando o exemplo da localidade Barra da Taquari, no município de Barras.

"Lá foi feita a emissão de pose da terra e a Justiça Federal suspendeu. Isso já dura 3 anos. As famílias estão sem poder trabalhar, plantar", conta o coordenador.

De acordo com Gregório, os conflitos ocorrem principalmente com poçeiros históricos. "Chegam os grileiros e tentam expulsá-lo dizendo que são donos da terra", descreve o coordenador, ressaltando que a CPT também atua com assessoria jurídica para resolver os conflitos.

Dados - Os representantes da CPT também entregaram ao ministro 25 edições do relatório Conflitos no Campo no Brasil, com dados de assassinatos, conflitos trabalhistas e violência nas reintegrações de posse. Desde 1985, a CPT registrou 1.546 assassinatos em conflitos no campo, a maioria ainda sem julgamento.

Os dados mostram que a média anual é de 765 conflitos agrários em todo o país e de mais de 13 mil famílias retiradas de terras por decisão judicial.

Com informações da Agência Brasil